quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

adeus ano velho

sai ano, entra ano, e toda vez a gente pode falar a mesma coisa sobre eles: esse foi um ano doido.

365 dias é um período muito longo, né? é surreal a quantidade de coisas que podem acontecer do primeiro ao último dia do ano. então é óbvio que do dia 1 de janeiro até hoje (ainda nem estamos no dia 31 de dezembro, hein) deu tempo de rir muito, de chorar um pouco, de passar raiva pra caramba, de acumular experiências novas, de repetir as coisas boas que eu já tinha vivido antes e de insistir em erros já antigos... assim como acontece em absolutamente todos os anos. o número é novo, mas o esquema é sempre igual. 

no geral, olhando por uma ótica bem otimista, eu acho que esse foi um ano bom.

mas como nem tudo são flores, 2017 também teve o seu lado ruim. esse ano eu passei por momentos de crise de ansiedade foda, daqueles de não conseguir pensar em nada além de “eu vou morrer a qualquer minuto alguém me salva pelo amor de jesus cristo”, de chorar por horas e só parar porque caí dormindo exausta e nem percebi, de sentir medo de absolutamente toda e qualquer coisa, de gritar falando que eu não consigo, de me sentir 400% culpada por coisas que não tem absolutamente nada a ver comigo, e por aí vai. foi o ano em que muita coisa pesada aconteceu na minha família e que eu vi meus pais passando por momentos meio desesperadores. também foi o ano em que eu confirmei que o meu problema é que eu quero controlar tudo ao meu redor e que, por isso mesmo, não entendo e não aceito que a gente foi feito pra morrer e não tem nada que eu possa fazer pra evitar que isso aconteça. em 2017 eu parei definitivamente de tomar hormônio pra controlar as minhas espinhas e vi minha pele voltando a ficar horrorosa, ao mesmo tempo em que eu ganhei peso e fiquei com o corpo inteiramente flácido, o que abalou ainda mais a minha auto estima já tão frágil. também me enchi de dúvidas sobre coisas que antes eram certezas absolutas e não conversei sobre isso com ninguém, porque tive receio de ser mal interpretada. em diversos momentos do ano eu fiquei com medo de pedir ajuda, mas por dentro eu tava implorando pra alguém me socorrer, pra me proteger da vida, do mundo, de mim. não sei, minha cabeça deu uma pirada em certos momentos.

mas eu disse que o ano foi bom, não disse?

depois dessa lista de coisa ruim nem dá pra acreditar que, colocando na balança, eu realmente tenha achado que as coisas boas venceram. ainda mais eu, que sou conhecida por ser uma pessoa negativa. mas eu juro que tô me esforçando pra começar a ver o lado positivo com mais frequência! enfim... por mais que tenha sido um ano pesado, foi bem bonito também. comecei a trabalhar efetivamente na ~minha área~, conheci a melhor criança do universo e ela realmente trouxe mais cor pra minha vida (nina, te amo!!!), tô a um passo de me formar na faculdade (só mais 3 matérias!) e finalmente me tornar a mais nova graduada do brasil, escrevi um conto em inglês que foi publicado pela revista da minha faculdade*, me senti amada em absolutamente todos os meus momentos de crise, li uma porrada de livro novo que me acrescentou muito enquanto leitora e enquanto pessoa, fiz viagens incríveis com a minha família e com o boy, tive mais um ano cheio de amor do lado desse homem que é a luz da minha vida e, apesar de eu ainda ter um caminho enorme pra percorrer nesse quesito, me tornei muito mais controlada em diversos aspectos que antes me tiravam do eixo e agora já não me causam mais tantos impactos negativos.

dessa vez a única promessa que eu faço pra 2018 é cuidar melhor de mim. esse já tá sendo o meu projeto há algum tempo, e provavelmente vou continuar com ele até o final da minha caminhada. acredito que estando bem comigo eu consigo ser melhor também pros outros. ou pelo menos assim espero!

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* a yawp é a revista dos alunos de graduação da área de estudos linguísticos e literários em inglês da fflch-usp. a edição atual é a n.9, voltada pra escrita criativa, e tá disponível no site da revista. o meu conto, escrito em inglês, chama "bittersweet day" e tá na página 105. tem muita coisa boa publicada aí, recomendo a leitura! :) 

sábado, 9 de dezembro de 2017

me livrei por pouco

eu fui num casamento mês passado, da prima do meu boy.

casamento costuma ser um troço brega, né? a cerimônia, eu digo. às vezes a decoração é meio duvidosa (por motivos de romântica até d+), ou o casal fica empurrando aqueles vídeos de retrospectiva pra cima dos convidados e tal. mas esse casamento especificamente tava MARAVILHOSO. foi de longe o melhor que eu já fui (não que eu tenha uma experiência muito vasta em casamentos né, mas olha: os noivos tão de parabéns).

como todo bom casamento tradicional, teve a parte do buquê. digamos que eu seja um pouco avessa às tradições, então é óbvio que eu acho isso uma bobagem sem tamanho ^^ então também é óbvio que quando chegou essa parte da cerimônia eu falei "deus me dibre" e tentei sair de fininho, SÓ QUE a minha cunhada me arrastou pra ir participar. eu não queria, mas pensei que não tinha problema, era só não fazer nem o mínimo de esforço que o buquê passaria longe de mim. SÓ QUE eu me enganei.

eu disse que o casamento tava incrível, né? pois então, isso significa que ele não tava 100% convencional. então a parte do buquê não foi tão simples assim, era uma brincadeira diferentinha. basicamente era o seguinte: tinham várias fitas coloridas amarradas no buquê, cada mocinha participante tava com uma fita na mão e a gente ia rodando em volta da noiva, que tava no meio, de olhos fechados e com uma tesoura na mão. quando ela cortava a sua fita, cê tava fora. no final, quem sobrasse com a fita na mão, "ganhava" o buquê. eis que a brincadeira foi indo e eu fui ficando, minha cunhada saiu rápido e eu continuei lá, com o pavor estampado nos meus olhos porém com um sorrisinho no rosto fingindo costume ^^

daí que, no fim das contas, sobrei eu e mais uma moça. troquei olhares com o boy e vi que ele tava tão em choque quanto eu. porque assim... a gente namora há quatro anos, né. imagina o tanto de pergunta sobre o nosso casamento que a gente já não ouviu nessa vida, principalmente da família dele. então imagina só se eu pego o buquê no casamento da prima do rapaz???? a gente já ia sair dali com a galera planejando o nosso, seria uma coisa de louco. e veja bem: a gente tem ZERO intenção de casar, então digamos que seria um constrangimento.

quando a noiva cortou a minha fitinha e eu fui eliminada, corri pros braços de mozi pra gente comemorar nossa pequena vitória com gostinho de alívio enquanto a outra moça estava rodeada de amigas gritando "ela é a próxima, ela é a próxima!". 

olha, só o que eu posso dizer é: que delícia não ter sido a vencedora dessa brincadeira! :D

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

e as tais palavrinhas mágicas, hein?

a gente tá vivendo no meio de uma galera tão mal educada que quando alguém é minimamente simpático já parece muito, né?

por exemplinho, é MUITO COMUM eu ouvir de vendedores/funcionários que eu sou educada, que sou uma gracinha e isso e aquilo. mas assim.. eu obviamente não faço mais do que a minha obrigação. falo por favor, obrigado e dou um sorrisinho. SÓ. não é possível que isso seja tão raro que as pessoas se surpreendam a ponto de me elogiar, sabe? é uma coisa tão básica você agradecer depois que alguém te faz um favor/um serviço, como que pode eu ser considerada educada por fazer uma coisa dessa? a pessoa devia é levantar uma plaquinha escrito Não Fez Mais Do Que A Sua Obrigação™ em vez de ficar impactada..

fui num restaurante uma vez e o banheiro tava interditado, porque tinha acabado de estourar um cano. mas eu queria lavar a mão, então perguntei pra uma moça da limpeza se eu podia pelo menos usar a pia. ela deixou, eu fiquei 2 minutos dentro do banheiro e agradeci quando passei por ela de novo. escutei ela e um outro funcionário comentando como eu era fofa e educada, com um sorriso bonito (o que é uma vdd pois meus anos de aparelho valeram muito a pena). mas assim, sério agora, não teve nada demais nessa interação. e esses dias uma vendedora comentou com a outra quando eu tava indo embora “nossa, que boazinha, né? super educada, que coisa!” só porque eu disse “não precisa da minha via do cartão não, brigada, tchau!” e dei um sorrisinho. GENTE. o que tá acontecendo que isso é uma atitude diferenciada em vez de ser o procedimento padrão pra quando você se despede??????

eu fico pistola quando vejo o quanto a gente tá indo de mal a pior, puta que o pariu. se tem uma coisa que meus pais me ensinaram é “não seja escroto com ninguém, trate todo mundo bem e você só tem a ganhar com isso”, além das regras básicas da vida em sociedade né (que seriam “por favor”, “desculpa”, “com licença” e “obrigada”). mas aparentemente nem todos os pais tiveram o mesmo bom senso de ensinar essas coisas pros seus filhotes????? eu tenho uns alunos pequenos que simplesmente DESCONHECEM essas quatro expressões. a gente tem que ficar o tempo todo relembrando os belezinha de que ninguém é obrigado a fazer as coisas pra eles, é um troço meio desgastante. esses dias mesmo um bonitinho, que queria uma borracha emprestada, teve a pachorra de olhar pra minha cara e falar "borracha!" em vez de pedir. eu só entreguei depois que escutei "por favor" e ainda cobrei o agradecimento no final, porque isso é o MÍNIMO. e ele tem 9 anos, não é como se estivesse há pouco tempo nesse mundo...

depois eu falo que odeio conviver com pessoas e minha mãe fica chocada. mas convenhamos que não é possível viver feliz no meio de um bando de gente sem educação e, pra completar, sem um pingo de noção no meio da cabecinha vazia. deus me dibre!