sábado, 24 de setembro de 2016

talvez eu não precise falar disso

já diria machado de assis (no conto "o espelho", publicado em 1882):

"Nem conjetura, nem opinião, redarguiu ele; uma ou outra pode dar lugar a dissentimento, e, como sabem, eu não discuto. Mas, se querem ouvir-me calados, posso contar-lhes um caso de minha vida, em que ressalta a mais clara demonstração acerca da matéria de que se trata."

se até machado (ou melhor, a personagem criada por ele hehe) evitava dar opinião pra não ter de discutir, imagina eu?

opinar sobre assunto polêmico é algo que eu realmente evito a qualquer custo, seja na internet, seja na vida real. não que eu não forme opiniões sobre as coisas - às vezes passo mais tempo do que deveria pensando a respeito de besteiras tipo crowdfunding pro zebeléo -, mas eu simplesmente acho que é muito mais fácil evitar a fadiga. independente do que você disser e do contexto em que a sua fala estiver inserida, alguém SEMPRE vai querer rebater. e convenhamos que não é sempre que você tá disposto a respirar fundo, fazer cara de alface e ignorar a intervenção não solicitada. na maioria dos casos, o nosso primeiro impulso é comprar uma briga imbecil só porque alguém não concorda com a nossa opinião.

pra fugir desse tipo de situação deselegante, eu mantenho meus pensamentos aqui comigo. pessoalmente eu até converso um pouquinho sobre as polemiconas da semana com os amigos ou com os meus pais (eles acabam com o meu estoque de autocontrole pra evitar as briguinhas), mas na internet eu realmente evito ao máximo. tanto é que eu sequer comento nos posts dos migos quando eles opinam sobre algo, que é pra não me envolver em confusão alheia sem necessidade. mas aí chegou o gregório fazendo declaração pra clarice. e depois o rafinha bastos (!) meteu o louco do textão de amor também. e eu fiquei me coçando pra falar bobagem sobre isso...

(um pequeno parêntese: comecei a escrever no dia que o gregório publicou o texto dele na folha, mas foi meio difícil passar pro "papel" as coisas todas que estavam dentro da minha cabeça, por isso a demora.)

vi um zilhão de pessoas comentando cada uma dessas declarações de amor, falando qual delas tinha sido a melhor, qual delas era mais verdadeira, ou qualquer coisa do tipo. eu sequer pensei sobre isso, já que qualquer demonstração de amor é mais do que válida. e né, quem sou eu pra julgar a maneira como cada um enxerga o amor e os seus relacionamentos? aliás, já pensou se eu compartilho o post do rafinha bastos na minha timeline falando se concordo/discordo e me aparece alguém pra retrucar, com uma opinião contrária? acho que eu desmaio de tanto desgosto. a única forma que eu sei de falar sobre esse tipo de assunto é, assim como o personagem do machado de assis ali de cima, contando um causo de minha vida.

juro que me vi tentada a fazer isso, a fazer textinho falando sobre ex namorado (tal qual o gregório, porque sobre o namorado atual, que nem fez o rafinha bastos, eu já escrevo com uma frequência alta até demais). mas fiz o que muita gente tem dificuldade de fazer - botei a mão na consciência! - e vi que não fazia o menor sentido falar sobre isso. por mais que às vezes eu queira, porque foi uma parte enorme da minha vida, já foi. falar sobre isso causaria transtorno unicamente pra mim mesma, então eu preferi deixar pra lá. eu definitivamente não preciso falar disso.

(mas se alguém me perguntar a respeito, não tenho nenhum problema em falar sem parar sobre esse assunto. mesmo que neste caso, dando margem pra alguém vir aqui retrucar falando bobagem, eu realmente prefira evitar.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário