terça-feira, 21 de junho de 2016

cultura e pensamento do vacilo I

na universidade em que eu estudo, a usp, a gente precisa de uma determinada quantidade de créditos pra conseguir se formar. meu curso tem cinco anos de duração e meu plano é me formar no período ideal, sem atrasar nadinha (por enquanto, tá tudo dando certo!). pra que isso realmente aconteça, eu preciso cursar +- uns 30 créditos em matérias optativas livres. o nome é bem autoexplicativo, mas vamos lá: são matérias optativas que não necessariamente têm a ver com a minha graduação, inclusive posso escolher matérias fora do meu curso, por exemplo :) 

agora eu tô no quinto semestre, exatamente a metade do meu tempo de curso, e até então eu ainda não tinha nenhum crédito desse tipo de matéria. e o desespero já tava batendo, obviamente. então, lá em janeiro, na hora de me matricular nas disciplinas, eu fiz questão de escolher uma bendita optativa livre. e minha escolha foi a famigerada cultura e pensamento da índia antiga I...

aí você me pergunta: mas você gosta da índia, miga? conhece alguma coisa sobre? se interessa de verdade pela cultura do país? e eu te respondo: assisti à novela da globo, serve? hehe

essa era uma das poucas matérias que encaixavam na minha grade, o programa parecia interessante pra caramba, eu sempre quis fazer as matérias de cultura que meu curso oferece, as pessoas falavam super bem... achei que valia a pena arriscar! me inscrevi e, dias depois, quando saiu o resultado dessa primeira interação de matrícula, vi que não tinha conseguido vaga. a turma tava lotada (60 alunos). na segunda interação, tentei matrícula pra cultura da china, just because. a turma também tava lotada. daí que a gente pode pedir requerimento pra cursar as matérias, né? é tipo aquela última tentativa desesperada de persuadir um professor a te aceitar pelo amor da deusa na turma dele. pedi pra cultura da índia, porque a matéria da china foi só de brincadeira. não obtive resposta. sem saber se tinha conseguido vaga ou não, fui à primeira aula, pra garantir.

a professora chegou absurdamente atrasada - pra não perder o hábito, ela disse. isso já era um sinal claro de que as coisas não correriam tão bem, mas continuei insistindo no erro. a moça disse que aceitaria todos os requerimentos, mesmo sendo contra as regras do departamento, porque ela é a única que dá essa matéria e acha que todo mundo merece ter a chance de cursar. maravilhosa, né? <3 mas isso fez com que a turma tivesse um total de 80 alunos. imaginem a loucura pra pegar cadeira num lugar bom na classe... hahaha

foi uma experiência curiosa, esse curso. fui em praticamente todas as aulas (uma eu cabulei pra ir tomar sorvete :D), mas não consegui ficar até o final de nenhuma. era simplesmente impossível ficar 1h40 lá dentro da classe, que ou tava um forno de tão quente ou tava congelando de tão fria. a professora é uma graça, mas é a pessoa mais confusa que eu já vi na vida. não concluía nenhum raciocínio, começou a fazer uma linha do tempo na primeira aula do curso e não terminou até hoje (ju-ro!), falava várias palavras aleatórias em sânscrito no meio da aula como se todo mundo tivesse entendendo. era um caos! olhando meu caderno hoje eu vejo que aproveitei pouquíssimo, é óbvio, mas tiveram alguns momentos bem legais.

por exemplo, teve um dia que ela, doida de pedra, começou a aula falando "vocês tão vendo essa minha roupa? é indiana, comprei lá". então, ela abriu a bolsa e pegou um xale enorme, desdobrou, mostrou pra turma e começou a discorrer sobre vestimentas - que nada tinha a ver com a matéria que deveria ser abordada, mas isso é um mero detalhe! também teve o dia maravilhoso em que ela disse que só gente maluca cursava aquela matéria :D e contou que alguns alunos tinham oferecido pra ela uma bebida alucinógena, fazendo alusão a um chá indiano, usado nos rituais religiosos. ela disse "eu não aceitei, é claro, mas até que eu deveria ter tomado, só pela experiência". depois contou que tomou a bebida verdadeira num templo na índia e que o negócio "faria qualquer um se conectar com qualquer deus, obviamente". que pessoa, meus amigos!

escrevi tudo isso porque estou procrastinando ao máximo o trabalho final dessa matéria (que é pra daqui 3 dias). é em grupo, já fizemos boa parte, mas agora preciso terminar de analisar um poema indiano que data de algum momento entre os séculos XX e X a.C. (é meio impossível precisar ao certo) e eu não faço ideia de como fazer isso. sou péssima com análise literária no geral, mas tô me superando no que diz respeito a um hino védico. que desespero!

a sorte é que uma amiga minha também caiu nessa cilada, então não sofri sozinha. estamos juntas nesse vacilo indiano.

(adivinhem quem não descarta a possibilidade de cursar cultura e pensamento da índia antiga II com a mesma professora? isso mesmo, a vacilona aqui. acho que eu gosto de sofrer, só isso explica!)

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