terça-feira, 11 de agosto de 2015

o dia em que eu assumi o risco

tem dias em que tudo o que a gente mais quer é chegar em casa logo. seja pra tomar um banho quente, pra comer depois de muitas horas de estômago vazio, pra sentar no sofá depois de um dia cheio ou, no caso dessa história, pra fazer essas três coisas. esse tal dia, ao qual eu me refiro aqui, foi bem atípico. em vez de voltar pra casa depois da aula, eu tinha um compromisso. em vez de almoçar a comida da minha mãe, eu almocei no bandejão da faculdade. em vez de pegar meus dois ônibus, peguei metrô e trem. em vez de ir pro lado da marginal tietê, fui pro lado da marginal pinheiros. e por aí vai...

a parte mais atípica do dia foi que, por mais bobinho que isso soe, eu inovei. e, além disso, eu corri um risco, porque troquei o certo pelo duvidoso. pra quem não me conhece, essa afirmação deve ser a coisa mais corriqueira possível. mas para aqueles que convivem com o meu jeitinho metódico de ser, deve ser um choque. meu pai ficou chocado. até eu fiquei um pouquinho, pra ser bem sincera. 

como não sou lá das pessoas mais corajosas que esse mundo já viu, eu costumo fazer sempre a mesma coisa. talvez o fato de que eu me apego à rotina também influencie nessa parte, mas enfim. a questão é que se eu sei que uma coisa vai dar certo, é muito raro eu resolver fazer diferente correndo o risco de essa coisa dar errado. se eu sei que andar de tênis é mais confortável e seguro, por que eu iria andar de salto alto e correr o risco de torcer meu pé, sabe? o raciocínio é mais ou menos assim. não tão bem definido na maioria das situações, mas a lógica aplicada permanece sempre a mesma. 

bom, voltemos à história... do jeito que eu tô falando, pode parecer que o que eu fiz foi algo ultra grandioso, revolucionário, chocante, etc. mas a verdade é bem sem graça, tá? então caso alguém esteja com esperanças de uma história super intensa, pode deixar essa ideia de lado. o ocorrido foi o seguinte:

por uma série de fatores, eu fui pegar o trem pra voltar pra minha casa justamente às 17h30, bem quando o transporte público começa a lotar loucamente de pessoas. eu estava há três linhas ferroviárias de distância da minha casa, o que significa que esse trajeto não poderia em nenhuma circunstância levar menos de uma hora pra ser percorrido. como eu já disse no começo, eu queria muito chegar logo. sabe quando a única coisa que você consegue pensar é "eu preciso de um banho"? pois então. e os fatores trem lotado + gente barulhenta + ficar em pé + mochila pesada pra carregar com certeza contribuíram pra minha pressa aumentar bastante.

pois bem. o caminho que eu faria pra voltar (que será chamado aqui de caminho #1) consistia em ficar 4 estações na primeira linha de trem, fazer a transferência pro metrô, ficar 6 estações na linha do metrô, fazer a transferência pra outra linha de trem e descer depois de 5 estações, já do ladinho da minha casa. é um rolê bem grande, como se pode imaginar, mas até que é bem tranquilo. o problema é que essa linha de metrô é muito cheia, ainda mais às 18h. e cheia é pouco pra descrever a situação da minha linha de trem. eu tava muito cansada, não queria ter de lutar por uns pouquinhos de ar pra respirar. então, out of nowhere, uma luzinha acendeu aqui na minha cabeça: E SE EU MUDASSE DE CAMINHO?

pra pessoas normais, isso seria uma situação normal. pra mim, que faço sempre tudo igual, não foi uma decisão fácil de ser tomada. lembrando que na primeira linha de trem eu só tinha o tempo de 4 estações pra decidir (antes da tal primeira transferência, aquela pro metrô), então foram minutos sofridos de dúvida existencial. movida por uma ousadia extrema, eu resolvi que ia arriscar. vejam bem, eu nunca tinha feito esse tal outro caminho. eu não sabia se a ideia era boa, não sabia se eu demoraria ainda mais pra chegar, não sabia se a outra linha estaria ainda mais cheia... mas, por alguma razão, eu achei que dessa vez valia a pena.

esse outro caminho (conhecido também como caminho #2) era um tantinho diferente do primeiro. no caso, eu fiquei até a penúltima estação na primeira linha de trem (totalizando 8 estações), fiz transferência pra segunda linha de trem (fiquei nela por 4 estações) e então, pra finalizar, fui pra terceira linha de trem, a minha, e desci "em casa" depois de mais 4 estações.

como eu sei que tá tudo muito confuso e ninguém deve tá visualizando nada (nem quem conhece o mapa do metrô de sp, já que não dei nome aos bois), segue aqui um mapinha ilustrado e super bem produzido, honrando os dinheiros gastos no curso de webdesign:


OBS: destacado em vermelho temos a estação em que eu estava e destacado em verde temos a ~minha~ estação (pirituba melhor bairro, não se esqueçam!)

pra minha surpresa, a decisão já se mostrou incrível logo no primeiro momento. olhando pro mapa, sigam aqui comigo: assim que passamos de pinheiros, o trem esvaziou. BOM SINAL. continuou tudo tranquilo (considerando o horário, claro) até chegarmos em presidente altino, onde eu fiz a transferência pra outra linha. a plataforma tinha um número razoável de pessoas esperando o trem, mas nada muito grande. pra minha surpresa maior ainda, quando ele chegou e todo mundo entrou, o vagão continuou vazio. CONFIRMAÇÃO DE QUE A ESCOLHA FOI ÓTIMA. consegui respirar, tinha espaço até pra eu dançar, se quisesse. só não sentei porque não quis tirar o lugar de um senhorzinho, senão até isso eu tinha feito. mas depois, como já era de se esperar, minha linha de trem tava lotada. da barra funda até pirituba, enchendo mais a cada parada, não tava fácil. mas cheguei em casa sã e salva - e cansadérrima! - às 19h15, pra poder tomar banho, jantar e, finalmente, dormir.

e depois de toda essa narração, eu venho por meio desta dar o meu braço a torcer. sou obrigada a admitir que, por mais que eu não goste, arriscar é preciso. por mais que eu não tenha coragem na maioria das vezes, eu preciso dar uma chance às novas oportunidades. minha decisão poderia ter sido a pior possível. vai que tudo tivesse dado errado e eu só chegasse em casa depois das 20h? eu não tinha como saber que daria certo. mas eu também não tinha como saber se daria errado, né? assumi o risco e, no fim das contas, saí muito feliz. fica aqui (pra mim mesma) a moral da história: dê a cara a tapa mais vezes, gata. pode ser que nem valha a pena, mas pode ser que seja uma ótima coisa. a única forma de descobrir é tentando!


2 comentários:

  1. Quanta ~ousadia~ haha
    Te entendo bem, é tão difícil fazer essas pequenas escolhas.
    Parabéns viu :D

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    1. hahaha juro que me senti vitoriosa! obrigada, bonita! :D

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