terça-feira, 30 de junho de 2015

luna clara & apolo onze

eu sempre disse que meu livro preferido era harry potter. desse jeito mesmo, a série toda, sem sequer escolher um livro só (mas todo mundo sabe da minha predileção pelo enigma do príncipe). só que a partir de agora eu tô mudando de opinião. meu livro preferido da vida é esse: luna clara & apolo onze, da adriana falcão.

é literatura infanto-juvenil, então a sutileza prevalece. mas isso não significa que a autora aborde os temas de modo superficial, muito pelo contrário até. o livro é de 2002 e tem umas ilustrações maravilhosas feitas pelo josé carlos lollo. o negócio é tão fofo que o livro tem até uma capa "de mentira", de papel, colocada por fora da capa de verdade (alguém sabe o nome disso?). e, pra ficar melhor ainda, a tal da capa de papel tem dois lados. o da luna clara e o do apolo onze. eu particularmente gosto mais dela quanto personagem, mas acho o lado dele mais bonito. :)



eu sou péssima com resenhas, isso já deu pra perceber. mas acho que vale a pena eu me esforçar um pouco mais pra falar desse livro aqui. ainda não vai ficar bom, talvez eu deixe de falar coisas importantes e fale coisas que ninguém dê muita importância. talvez eu conte mais spoilers do que deveria (tenho a impressão de que eu sempre faço isso. será?). mas levando em consideração o fato de que esse post é sobre um livro que eu amo de um jeito sem limites, não dá pra esperar assim tanta coerência e coesão, né? o amor faz isso com a gente.

aliás, falando em amor, eu diria que esse livro fala sobre isso. ele conta histórias de amor. no plural mesmo, já que são bem mais de uma. mas não é só sobre isso que o livro fala. ele também trata de encontros, desencontros, imprevistos, por acasos, aventuras, sorte, azar, destino, coincidências (ou não exatamente). e sobre a lua, se você se deixar envolver a esse ponto. eu deixei.

aventura e doravante.
entre esse dois tem amor até de sobra <3

a adriana escreve o livro com a prosa mais poética que eu já vi. seria poesia pura, caso não fosse prosa. pra começar, ela realmente escreve as coisas relativamente em versos. então essa questão da visualidade já leva a gente a pensar em poemas. além disso, ela usa rimas. não o tempo inteiro, não em demasia, mas se você prestar atenção, dá pra notar a sonoridade do livro. uma coisa que eu gosto muito - e que também remete a poesia - são os jogos de palavras. eles são absolutamente geniais! e vão desde as frases até os nomes das personagens (cada um tem um significado nem tão implícito bem importante pra história). sem contar as metáforas, as metonímias, as aliterações... ela usa e abusa das figuras de linguagem de um jeito muito divertido. ah, no livro tem muita repetição também. a autora retoma em um capítulo o que já foi dito em outro, por exemplo. e a parte incrível é que isso não fica chato ou cansativo. fica ainda mais interessante, na verdade, porque a gente percebe a simultaneidade das ações. a história não é contada de forma totalmente linear, rola bastante flashback. mas é só por meio deles que as coisas vão se encaixando perfeitamente - não só pro leitor, mas também pras próprias personagens, já que elas vão compreendendo aos poucos tudo o que tá acontecendo.

tem poesia até na ilustração, olha só

sabe uma coisa que eu acho incrível? as personagens femininas se impõem, mesmo que discretamente. a luna clara e a madrugada (mãe do apolo onze) não abaixam a cabeça pro que dizem os homens. a opinião masculina não é superior a delas. as duas batem o pé e se fazem ouvir. luna clara não deixa apolo onze bancar o herói protetor, mesmo que ela estivesse com medo dos perigos, porque sabe que consegue ir sozinha. e sabe também que ele precisa seguir caminho pro outro lado naquele momento. madrugada não deixa seu marido, apolo dez, bancar o pai que não permite que as filhas namorem. filha dela namora sim. e o pai que lide com isso, já que madrugada é empoderada a esse ponto. acho sim que isso é importantíssimo pras crianças que tão lendo. mesmo que passe meio despercebido, a gente sempre acaba absorvendo esse tipo de coisa. ainda mais quando se é uma menina em plena fase de desenvolvimento. é imprescindível que existam exemplos assim. <3

apresento-lhes aqui a menina
luna clara

lembro da primeira vez que eu li. levei pra praia, pra ler no fim de semana (eu tinha meus 12 anos e já levava livros pras viagens. por isso eu sei que tô no curso certo!). quando eu terminei de ler o livro já era noite, eu tava deitada na rede. e foi nesse momento que eu li o primeiro trecho de um livro que fez meus olhos brilharem, daqueles que a gente tem vontade de emoldurar e pendurar na parede do quarto, sabe? eu li aquilo e pensei em tanta coisa! no destino, no amor, no universo. e na literatura. acho que, mesmo sem ter me dado conta disso na época, foi aí que eu percebi o poder de um livro na vida da gente. e o poder do autor na hora de escrever. o trecho foi esse aqui:
- Vocês sabiam que, nesse exato instante, uma certa moça que está lendo um livro precisa urgentemente encontrar um certo rapaz? - a velha de rosa revelou.
- E vocês sabiam que, nesse exato instante, esse tal rapaz está lendo o mesmo livro e precisa urgentemente encontrar a tal da moça? - informou a velha de azul.

é muita fofura!!!

meu livro já tá velhinho, comprei lá pra 2006-2007. professora de português pediu como leitura obrigatória pro semestre. acho que nunca agradeci, mas deixo aqui um obrigada todo especial e lotado de saudade pra olívia, uma das melhores professoras que eu já tive, por me apresentar pro meu livro preferido. já li três vezes, já emprestei pra várias pessoas. ele tá todo sujinho, amassado, começando a rasgar. e isso só faz com que esse meu exemplar seja ainda mais importante pra mim <3

não tenho grandes pretensões de ser escritora, mas caso isso um dia ocorra: espero que eu escreva algo tão inspirador quanto esse livro. e espero mais ainda que minha criatividade seja como a da adriana - imensa e incrível na mesma proporção. o que eu sinto sobre esse livro o ziraldo já colocou em palavras, então acho melhor simplesmente reproduzir aqui o ele disse:

"(...) Agora, estou diante de Luna Clara & Apolo Onze. Outra vez a sensação. Adriana aqui reinventa não só a narrativa como a linguagem. Ela reinventa a maneira de contar uma história. E faz isto com a mão de mestre, com um nível de invenção que não conheço em outros autores brasileiros. Ela chegou arrasando. Sei que este livro é bom, bom mesmo, porque vocês precisam ver a extensão da minha nova inveja!"
Ziraldo

Um comentário:

  1. Que lindo!!! Tbm amo esse livro e estou querendo resenhar ele no meu blog. Espero que não se importe de eu colocar o link direto dessa postagem lá! Pq realmente amei tudo que escreveu. S2

    ResponderExcluir