domingo, 24 de maio de 2015

a palavra é: interdisciplinaridade

entrei no curso de letras sem fazer a menor ideia de como ele funcionava. eu olhava a grade horária pela internet e achava que entendia o que estava escrito ali, mas na real eu não podia estar mais enganada. pra começo de conversa, eu pensava que iria estudar português (gramática, inclusive) unica e exclusivamente. e esse foi um dos meus maiores enganos.

no meu primeiro ano, eu tinha uma disciplina de literatura grega/latina. pra todo mundo entender o contexto das obras, o professor explicava a geografia da época. como se não bastasse (e não bastava mesmo), ele também dava aulas de história. e eu me sentia de volta ao colegial, com mapas e datas estampando a lousa. até que chegou o dia em que, em uma dessas aulas, o professor disse "hoje falaremos sobre filosofia". e a coisa tomou um rumo muito diferente do que eu esperava de uma aula de literatura. se eu disser que meu cérebro acompanhou tudo o que o cara disse, estarei mentindo. confesso que só consegui entender completamente a parte do mito da caverna, o resto (a respeito do amor platônico, principalmente) deu um nó na minha cabeça que não se desfez até hoje. 

falando em história/geografia, esse semestre eu tenho aula de literatura portuguesa. minha professora resolveu que seria de bom tom estudarmos <apenas> padre antônio vieira. imaginem o meu desespero quando ela disse isso, né? ninguém merece ficar analisando sermão escrito no século XVII. mas eis que essa professora é do mesmo time daquele lá de cima: ela também acha que a gente precisa da contextualização histórico-geográfica pra entender o que motivou a escrita de tais textos. e novamente eu me sinto nas aulas do colégio, dessa vez a respeito da história do brasil, e me impressiono com o fato de eu saber tão pouco sobre a geografia dessa época (desculpa, prof do colegial, por não ter prestado tanta atenção assim em você!).

contextualização é uma coisa incrível, abre mesmo os olhos dos alunos. por isso a professora de literatura brasileira, pra que a gente entenda os autores modernistas, deu um mês de aula sobre arte, praticamente. música, quadros, esculturas. a poesia apareceu só depois, quando a nossa cabeça já tava formada. aí sim fomos capazes de compreender mário de andrade e manuel bandeira.

e agora vem o mais chocante: há uma matéria, fonética/fonologia, em que a gente estuda, basicamente, os sons que somos capazes de produzir usando o nosso aparelho fonador (boca, garganta, pulmão...). boatos de que existem professores na letras que usam fórmulas de física nessa aula. provavelmente nas turmas especializadas em linguística - quem realmente vai mexer com esse tipo de coisa no futuro. afinal de contas, é de extrema importância que a gente saiba calcular a frequência de cada som, né? hahaha 

ai, ai... saudades das aulas de português em que eu tinha que diferenciar sujeito de predicado! 

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