segunda-feira, 7 de abril de 2014

(quase) 90 dias de saudades

mais de 1h dentro do ônibus, sem falar com ninguém, é tempo suficiente pra gente pensar - e muito - nas mais variadas coisas. por algum motivo aleatório, o que me veio à cabeça hoje foi o meu intercâmbio, que é "assunto" suficiente pra infinitos pensamentos. mas hoje o meu foco foi no motivo de me fazer sentir vontade de voltar pra casa...

a minha viagem durou 3 meses. e eu fiz algo que muitas pessoas dizem que não fariam: viajei por tanto tempo, pra outro país, "presa" a alguém no brasil. desde o dia do "tchau, boa viagem" até o dia do "oi, até que enfim você voltou", 88 dias se passaram (mas a gente fala 90 por praticidade. e também porque números múltiplos de 5 me fazem mais feliz). 
isso foi, ao mesmo tempo, uma delícia e uma tortura. é a coisa mais amor do mundo você saber que tem alguém lá longe esperando você voltar, contando os minutos pra ter você pertinho de novo. mas quando a saudade aperta, a sensação é de desespero. por saber que não há nada que possa ser feito além de continuar esperando o dia de pegar o avião novamente. 

era lindo abrir o notebook e contar tudo o que eu tinha feito no dia. como tinham sido as minhas aulas, o que eu tinha comido, se eu tinha cozinhado, se o tempo estava bom ou não, se eu tinha feito compras, se eu tinha algum vizinho novo, se a visita ao ponto turístico da cidade tinha valido a pena... enfim, qualquer coisa. desde o detalhe mais bobo até o maior acontecimento, o interesse dele era igual. ele sabia de tudo. quando eu me machuquei ou quando o maluco invadiu a minha casa, foi ele quem ficou sabendo. quando eu tirava fotos (lindas ou idiotas, das paisagens ou de mim), era pra ele que eu mandava. quando eu tirava notas boas nos trabalhos da escola, era com ele que eu comemorava. e isso fez com que a distância entre nós se "encurtasse". mas apesar de estarmos assim, sempre juntinhos, eu tinha um buraquinho no peito que não podia ser preenchido com mais nada.
eu morria de saudade do cheirinho dele. e de sentir a mão dele na minha. e de fazer cafuné nele. e de encher o corpo dele de carinhos. e de dormir junto com ele. e de grudar a minha boca na dele e não desgrudar nunca mais. quando a falta que eu sentia crescia muito, eu tinha insônia. e passava quase a noite inteira pensando em nós dois juntos, dando risada e se entupindo de beijo. 

quando a gente se via no skype, o que eu sentia era uma coisa tão louca que eu não sei nem explicar. felicidade, saudade triplicada, coração apertadíssimo. pra piorar, o bonito ainda tocava músicas de amor no violão. e fazia cara de quem tava sofrido. e eu me debulhava em lágrimas. mas eu também tive uma crise de riso absurda em uma das nossas conversas, já não lembro mais o porque - mas a "piada" com certeza não era tão boa. só sei que enquanto eu estava sem ar de tanto rir, ele olhava pra mim com uma cara que dizia "você é retardada, mas eu te amo mesmo assim".

esses dias todos se passaram, alguns voando e outros se arrastando (jamais esquecerei do mês de agosto de 2013, que teve uns 72 dias de duração) e então o dia de voltar pra casa chegou. ele me desejou boa viagem via skype. e eu não queria desligar nunca, porque sabia que em seguida viriam muitas horas sem conseguir falar com ele. mas o táxi chegou e eu fui obrigada a dizer tchau. 
ele foi, com os meus pais e a minha melhor amiga, me buscar no aeroporto. e quando me viu, me deu um abraço enorme e me deixou chorar a vontade no ombro dele. e colocou minha mochila nas costas. e empurrou as minhas malas. e pegou na minha mão e não soltou nunca mais. 

agora vem a melhor parte: uma semana depois, fomos viajar juntos. só nós dois. e ele me pediu em namoro de um jeito lindo, que é a cara dele. na data que já era nossa (antes mesmo de realmente ser). e eu tenho certeza de que sempre vou suspirar, com a maior cara de apaixonada, a cada vez que eu pensar nessa história. <3

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