quinta-feira, 24 de abril de 2014

a melhor definição

eu queria tanto
ser um poeta maldito
a massa sofrendo
enquanto eu profundo medito

eu queria tanto
ser um poeta social
rosto queimado
pelo hálito das multidões

em vez
olha eu aqui
pondo sal
nesta sopa rala
que mal vai dar para dois
Paulo Leminski - eu queria tanto


sabe quando você lê um poema e ama e odeia? ama por ser feito pra você, odeia por não ter sido feito por você (porque olha, quisera eu ter esse dom). é basicamente isso. queria pegar na mão do seu leminski e dizer "sério, obrigada". por passar pro papel o que se passa dentro de mim. por transformar em obra poética a bagunça que eu sou.
eu queria me doar mais, queria ser mais solícita, queria ser mais útil pros outros e pro mundo. mas também queria me importar menos, queria me afastar dos outros, queria focar mais em mim. e no fundo, eu continuo igual, sendo o que eu sou. nem tanto ao céu, nem tanto à terra. quase um equilíbrio entre os dois, mas sem que eles tenham necessariamente a mesma medida. 
no fundo, eu sou várias. infinitas dentro de uma só. difícil de lidar, difícil de (se) contentar, difícil de entender. e, mais ainda, difícil de explicar. mas acho válido eu imprimir uma série de cartões com o meu nome e esse poema. caso eu tenha que me descrever pra alguém, só entrego o papelzinho e me poupo do trabalho. 



* post bobo pros outros e importante pra mim (assim como todo o resto, não?) 

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